COLONIA DE PESCADORES Z8 DE PROPRIÁ

COLONIA DE PESCADORES Z8 DE PROPRIÁ
ESTADO DE SERGIPE

terça-feira, 17 de junho de 2014

PESCADORES SOFREM COM A BAIXA VAZÃO DO VELHO CHICO

"Eles não conseguem mais viver da pesca. Buscam “bicos”, para sustentar a família" A presidente da colônia dos Pescadores Z-8 Dilma Silva, afirma.

“Meu pai criou nove filhos com a Pesca no rio São Francisco. Hoje o Pescador não consegue criar um”. Essa é uma declaração de Dilma da Silva Gomes, presidente da Colônia de Pescadores Z-8 de Propriá, quando questionada sobre a atual situação do Velho Chico. Como ela, centenas de moradores da região do Baixo São Francisco, que inclui os municípios de Porto da Folha, Gararu, Amparo do São Francisco, Nossa Senhora de Lourdes, Telha, Canhoba, Cedro, Propriá e Neópolis, têm sofrido com os impactos da baixa vazão do rio São Francisco.
O rio fornece água para centenas de famílias, Peixes para alimentação, que geram renda para os Pescadores, irrigação para a agricultura local, além de ser um atrativo turístico da região. De acordo com Dilma Gomes, a situação é precária. “Os Pescadores da região não conseguem mais viver da Pesca. Ficam em busca de bicos, como pedreiro, para garantir o sustento da família. Eles colocam o barco no rio, mas o Peixe está escasso”, afirmou a presidente da Colônia de Pescadores de Propriá, que tem atualmente cerca de 1300 Pescadores da região associados. A presidente contou que esse ano a situação está ainda pior. Com o fim do período de defeso, que começou em 1° de novembro e terminou na última sexta-feira, 28, os Pescadores também deixam de receber o Seguro Pesca (benefício do seguro desemprego pago aos Pescadores artesanais durante o período do defeso). “O problema é que não tem Peixe. Os Pescadores vão pro Mar aventurar para garantir o próprio sustento. Antes chegava a dar 20, 30 kg de Peixe por Pescada, hoje quando dá bom, dá 2,3 kg”, declarou Dilma Gomes. A falta de Peixe é atribuída à baixa vazão do Velho Chico que, na opinião da presidente da Colônia de Pescadores de Propriá, é de responsabilidade da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), mas seria minimizada se o Governo Federal revitalizasse o rio. “Antes a enchente era uma vez por ano. De outubro a janeiro a gente tinha rio cheio e a mesa dos Pescadores farta. Peixe não se cria em banco de areia”, pontuou a presidente.
O professor do curso de Geologia e coordenador do laboratório Geo Rio e Mar da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Luiz Carlos Fontes, explica o que está acontecendo durante a redução da vazão do Velho Chico. “A situação tem se agravado desde 2001. O setor elétrico conseguiu colocar as vazões mais baixas no período que era para o rio estar cheio e esses pedidos de redução de vazão estão acontecendo exatamente no verão. Antes de iniciar o período de verão, a companhia hidrelétrica pede para reduzir essas vazões mínimas. Essas vazões já são estabelecidas de 1300 m³/s e eles solicitam baixar para 1100 m³/s. A gente vê que existe uma coisa recorrente que causa prejuízos ao Baixo São Francisco e está atendo outros interesses que não visam à preservação socioeconômica do Baixo São Francisco”, disse. Segundo o professor, o setor elétrico tem feito uma inversão no regime do rio desde 2001. “O setor elétrico conseguiu colocar as vazões mais baixas no período que era para o rio estar cheio. Esses pedidos de redução de vazão estão acontecendo exatamente no verão. Antes de iniciar o período de verão, a companhia hidrelétrica pede para reduzir essas vazões mínimas. Essas vazões mínimas já são estabelecidas de 1300 m³/s e eles solicitam baixar para 1100 m³/s. E praticam essas vazões durante o período que naturalmente o rio estaria cheio”, explicou.

IMPActos socioambientais
Toda essa ação gera consequências, principalmente para o Meio Ambiente. “Toda a oncologia do rio, o Meio Ambiente, a Flora aquática, foi ambientada para o rio em função um regime histórico. Então nesse período era importante para a reProdução dos Peixes, importante para inundação das Margens e aí a natureza está preparada para receber essas vazões elevadas e as vazões baixas durante o período de inverno. Daí acontece uma inversão completa. E quando chega o inverno a vazão está um pouco mais elevada. Não porque chegam a ter cheias, mas porque eles praticam vazões mais elevadas. Isso é extremamente preocupante”, alertou o Luiz Carlos Fontes. O impacto também é considerável na vida dos ribeirinhos. “Influi diretamente na reprodução dos Peixes e na Pesca. Tem também aquelas pessoas que vivem da navegação do rio São Francisco, que fica reduzido às vezes até 1/3 da sua largura original, a travessia de balsas fica comprometida, sendo necessário fazer desvios. E também do homem que vive na Margem do rio, com aquelas captações de agua para irrigação das Margens dos rios”
• Minimizando os iMPActos
Na opinião do professor Luiz Carlos Fontes, o problema do Velho Chico é uma questão complexa, já que quem está no Baixo São Francisco depende da operação da barragem. “Antes de mais nada, é preciso que o setor elétrico compreenda a questão. Quando chega o verão, o setor elétrico pede para baixar as vazões, vazões irregulares, porque estão abaixo das mínimas estabelecidas para, evitar os iMPActos socioambientais. Se são eles próprios que operam a água que sai da barragem, eles podem prever essas situações, diminuir as vazões e segurar mais água”, pontuou. Segundo ele, é fundamental que o setor elétrico discuta como compensar o Meio Ambiente em relação a isso. “Aqueles que vivem na bacia do São Francisco não são lembrados, não há uma compensação nem uma mitigação. A solução é sair dessa situação que é apresentada para a gente, de inversão no regime natural do rio”, defendeu.

• Entenda melhor
O professor do curso de Geologia e coordenador do laboratório Geo Rio e Mar da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Luiz Carlos Fontes, reforça que é necessário entender o contexto para se entender as consequências. O professor explicou que o rio natural, sem barragens, vive momentos de cheias e de vazões baixas. No São Francisco nós tínhamos um período de vazões baixas, que era no meio do ano, no nosso período de inverno. E quando chegava ao final do ano, que é o nosso verão, era o período de vazões altas, o que até criava um certo contraste com o nosso Clima, mas acontecia porque as chuvas que dão origem à vazão do São Francisco vêm de Minas Gerais e lá as grandes chuvas estão concentradas no verão”, disse.
Segundo o professor, quando as barragens foram implantadas pelo setor elétrico, as cheias e vazantes do Velho Chico continuam existindo, embora já não existam cheias tão grandes por causa da regulação da barragem do rio. “Nós estamos tendo uma inversão do regime natural, isso a gente tem que se lembrar. O setor elétrico conseguiu colocar as vazões mais baixas no período que era para o rio estar cheio. Esses pedidos de redução de vazão estão acontecendo exatamente no verão. Antes de iniciar o período de verão, a coMPAnhia hidrelétrica pede para reduzir essas vazões mínimas. Essas vazões já são estabelecidas de 1300 m³/s e eles solicitam baixar para 1100 m³/s. E praticam essas vazões durante o período que naturalmente o rio estaria cheio”, informou o Luiz Carlos Fontes.
fonte: http://www.cliptvnews.com.br

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